Tarde chuvosa... sessão cinematográfica...
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As imagens "falam" por mim...
E as reflexões, elaboradas pelos formandos, falam pelo módulo:
MON ONCLE, DE JACQUES TATTI
O filme retrata, entre outras coisas, o contraste entre a arquitectura moderna e a construção "normal" da altura (1958). A tecnologia urbana que se distingue no filme, satirizada pelo realizador, dá a ideia de inovação e avant-garde, por parte de quem a usufrui. No entanto, atendendo à época em questão, poucos eram os beneficiários de tais "obras". O mais comum seriam as habitações vulgares (entre elas, os bairros).
Quanto à planta urbana, trata-se de uma planta irregular, na qual o filme se situa, nomeadamente nos arredores de Paris.
Também são abordadas as áreas funcionais da cidade, onde a zona residencial é a mais significativa, com uma presença assídua na tela, bem como a "casa tecnológica", a área industrial (onde se desenrolam as cenas passadas na empresa) e a periferia (onde vive o tio).
No que respeita à domótica, a casa em questão (apetrechada de tecnologia de ponta) deitava por terra o conceito de habitação funcional/prática. Toda a panóplia de automatização (o portão da casa e o da garagem; o peixinho-estátua no jardim; a casa "sem mobília") e de limpeza exacerbada contrastavam com a funcionalidade de habitações mais modestas.
BARAKA
O filme-documentário Baraka, rico em imagens de rara beleza, transporta o espectador numa viagem de contrastes entre o mundo "natural" e o mundo "industrial", bem como as diferenças que os distinguem.
Os paradoxos existentes no filme fazem-nos pensar na quantidade de extremos que povoam o planeta, desde o gasto excessivo em armamento nuclear e bélico, até à extrema pobreza em que determinados países estão afundados. Dificilmente se esquecem as imagens de um hangar de aviões militares (material caríssimo, suponho...), todos alinhados e prontos para o combate, e logo de seguida vemos pessoas a dormir na rua, a pedir esmola, a lutar para sobreviver...
Quanto à paisagem apresentada no filme, na sua maioria do Oriente, temos duas vertentes: a paisagem natural, sem mão humana, "fabricada" pela passagem dos tempos e conservada graças ao empenho e vontade dos povos que as rodeiam; e a paisagem arquitectónica, construída pelo Homem, venerada por muitos e admirada por todos. O realizador mostra-nos o lado menos conhecido dessas obras, com ângulos impressionantes dos monumentos, com as pausas e a velocidade de projecção suficientes para nos apercebermos da beleza e magnificência dos detalhes das construções.
Destaco, pessoalmente, Angkor Wat, que aparece documentada através da "invasão" de alguns cambojanos, num ritual de cortar a respiração. O movimento uníssono de dezenas de homens, acompanhados de melodias tribais, faz-nos querer estar lá, mesmo que desconheçamos o significado de tal oração.
Angkor Wat, no centro do Cambodja, é o maior monumento religioso à face da Terra. Permaneceu incógnito durante muito tempo, até que alguém o descobriu no séc. XVIII, por entre a selva, num local completamente inóspito. De salientar a beleza e a grandiosidade da obra, recheada com motivos religiosos e históricos.
Resumindo, o visionamento deste registo documentário foi uma experiência única e enriquecedora, que dificilmente se esquecerá. Provavelmente, foi essa a intenção do realizador; não nos devemos esquecer do nosso "mundo", se o quisermos manter e conservar, com todos os mistérios naturais e riquezas arquitectónicas, antes que seja destruído pelo Homem.
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